Essa é uma das partes mais estressantes em toda prova de
concurso público. Por isso mesmo, algumas pessoas perdem a cabeça durante horas
na frente do computador, e outras simplesmente desistem. A verdade é que a fase
dos recursos é fundamental para qualquer candidato bem preparado, e é preciso
seguir alguns passos para garantir que está tudo
ok e para não criar estresse
desnecessário – afinal, muitas vezes a própria banca já se encarrega disso!
Em primeiro lugar, veja no edital quanto tempo você terá para interpor recursos
ao gabarito preliminar – ou à nota preliminar da discursiva, ou à avaliação
preliminar da perícia médica etc. Geralmente, a banca examinadora dá no máximo
dois ou três dias (um absurdo,
diga-se de passagem). Portanto, atenção. Assim que sair o resultado preliminar,
confira sua nota, veja se a banca corrigiu algo errado, se fez alguma soma
errada, se você discorda de algum gabarito.
Em relação ao gabarito preliminar de provas objetivas, por
exemplo, é muito comum haver fóruns de
discussão na internet sobre cada concurso. Neles, você pode encontrar
outras pessoas com as mesmas dúvidas, dicas de professores, recursos já
elaborados. Além disso, é possível obter informações quanto a recursos nos
sites de cursos preparatórios ou em blogs e redes sociais de professores –
muitos analisam a prova e deixam seus comentários quanto ao cabimento de
recurso. Vale a pena conferir, pois muitos já dão uma análise com um possível
recurso, se for o caso.
Nessa hora, não seja “fominha”:
não queira achar chifre em cabeça de cavalo, não force a barra tentando cavar
pontos de qualquer lugar. Se você não tem certeza quanto ao cabimento de
recurso contra determinada questão, consulte algum professor ou especialista,
não saia fazendo recursos sem embasamento. Simplesmente não adianta nada.
Alguns professores costumam cobrar (às vezes bem
caro!) para elaborar recursos para os candidatos, especialmente em provas
discursivas. Mas, se você for encarar essa fase sozinho, aqui vão algumas dicas
importantes:
Analise o tipo de erro: houve algum problema no
enunciado que gerou ambiguidade? O conteúdo cobrado não consta no edital? Ou
você simplesmente discorda do gabarito? Se discordar, veja se aquela questão
aceita mais de uma resposta (o que ensejaria anulação), se não há nenhuma
resposta correta (o que também geraria anulação) ou se o gabarito veio errado
(o que geraria alteração). Peça ao examinador que analise exatamente o equívoco
percebido por você, de forma objetiva e justificando seu pedido.
Seja direto: não fique bajulando a “douta banca examinadora”, o “ilustre examinador” etc. Nem fique
colocando opiniões pessoais ou juízos de valor, do tipo “eu acredito que...”.
Não! Diga apenas o que você quer e pronto. Por exemplo: “Pede-se à banca
examinadora a anulação do item, uma vez que o termo ‘x’ gerou ambiguidade,
impossibilitando a escolha de uma única resposta correta”; “pede-se à banca a
alteração do gabarito de V para F, visto que, ao contrário do que diz o
enunciado, a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição Federal, conforme entendimento do Supremo
Tribunal Federal expresso na Súmula Vinculante número 5”. E por aí vai... sem puxação de saco nem achismos.
Fundamente seu pedido: como no exemplo citado acima,
é importante embasar seu recurso – seja em algum gramático renomado, em caso de
questões de português ou de redação discursiva, seja na Constituição, seja em
algum autor consagrado, em caso de outras disciplinas. Às vezes, você pode até
utilizar como base entendimentos já adotados pela banca em provas anteriores. Sua
argumentação objetiva e fundamentada é tudo o que basta para o examinador levar
o recurso a sério e fazer uma análise do pedido.
Não copie recursos dos outros: não tem nada a ver com
“direitos autorais”, mas muitas bancas simplesmente rejeitam recursos idênticos. Então, se você quer recorrer da mesma
questão que o seu colega, não escreva a mesma coisa, e nem dê CTRL+C/CTRL+V no
site do professor, pois isso fará com que seu recurso – e de outras pessoas –
seja jogado fora. Escreva um texto diferente do que você encontrou, mesmo que
tenha os mesmos argumentos.
Salve tudo: arquivos com cada recurso elaborado,
gabaritos, cadernos de provas e resultados definitivos. Tudo para comprovar o
seu pedido e a resposta da banca, para o caso de você precisar resolver algum
problema material ou recorrer ao Judiciário.
Depois disso, relaxe.
Não há mais nada que você possa fazer enquanto não sair o resultado definitivo,
então vire a página e parta para outros projetos na sua vida – estudar para o
próximo concurso, viajar, arranjar um emprego, o que for. E prepare seu coração: todo
concurso tem suas injustiças cometidas pela banca. Questões loucas e não
anuladas, gabaritos errados e não alterados, gabaritos certos e alterados, tudo pode acontecer. Às vezes valerá a pena
comprar uma briga (se o conteúdo não constava no edital, ou se há mais de uma
resposta correta para a questão, ou se não há nenhuma, por exemplo), mas, na
maioria das vezes, resta apenas engolir seco o que tiver que ser, e torcer pra
que aconteça o melhor.
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