Eu acho que só 10% dos candidatos leem o edital. E a
explicação é simples: porque é enorme e é um saco. Mas se soubessem o quanto é
importante ler as informações que tem ali, todo mundo faria isso.
Claro, algumas informações são repetitivas, e uma vez que
você tenha lido um edital, você não precisará mais ler a mesma coisa nos outros.
Além disso, há tópicos que são direcionados a públicos específicos – como as
pessoas que irão requerer isenção da taxa de inscrição, ou as pessoas com
necessidades especiais etc. Mas se você não ler o edital, pode ser que seja
surpreendido por exigências que passaram despercebidas, por datas importantes,
entre outras armadilhas.
Um erro clássico do candidato despreparado é estudar uma
matéria que simplesmente não vai cair na prova! Parece idiota, mas é muito
comum, porque as pessoas às vezes se inscrevem numa enorme quantidade de
concursos, e acabam misturando as informações, ou achando que toda prova será
“mais ou menos a mesma coisa”. Basta ler o conteúdo programático do edital para
ver exatamente o que será exigido de você.
Inclusive, analisar o conteúdo programático pode ser um
fator decisivo na sua escolha quanto a qual concurso fazer. Muitas pessoas se
preparam para carreiras similares, porque os editais costumam cobrar quase as
mesmas coisas – analista administrativo de tribunal, por exemplo. E muitas
vezes, as pessoas desistem de uma prova – ou mudam sua estratégia de longo
prazo – por conta da extensão do conteúdo (se você quer ser auditor da Receita,
por exemplo, verá muitos conteúdos que diferem do que é cobrado em outros
concursos).
Agora uma dica importante: também é comum que o próprio examinador não leia o edital, e já vi
questões serem anuladas por extrapolarem os conhecimentos exigidos do
candidato! Já imaginou? Estudar meses a fio, deixar de fazer várias coisas,
sacrificar fins de semana pra chegar o dia prova e você perder a questão porque
foi cobrado algo não previsto no edital? Nessas horas, quem leu o conteúdo
programático vai ter segurança de elaborar um recurso, se necessário, ou até de
recorrer à Justiça.
No mais, outras coisas não podem passar despercebidas,
porque são cruciais para a preparação: quantas horas de prova você vai ter que
encarar? Se for fazer provas para cargos diferentes em um mesmo órgão, por
exemplo, tem que ver se as provas serão no mesmo dia, se os horários permitem
que você faça mais de uma, se você vai aguentar passar o dia inteiro fazendo
prova. No Senado, tive que encarar 10:30h
de prova no mesmo dia para
concorrer aos cargos de técnico e analista! No TSE, foram cerca de nove horas.
Haja físico e emocional... Além disso, se você for fazer prova para dois
cargos, como eu fiz, decida qual prova será seu foco antes de se inscrever (no
Senado, muitas pessoas deixaram de fazer a prova de técnico de manhã, para não
comprometer o rendimento da prova de analista à tarde).
No edital, você também encontra informações sobre o
quantitativo de questões (às vezes vem discriminado por cada matéria), sobre a
existência de questões discursivas (com todas as regras sobre mínimo e máximo
de linhas, temas, tópicos a serem corrigidos, estrutura do texto). Se, por
exemplo, sua prova tiver 120 itens e duas questões discursivas, é hora de
testar se você tem preparo para fazer tudo isso no tempo que será dado – depois
vou fazer um post sobre gestão do tempo na hora da prova.
Se seu cargo exigir teste de aptidão física, a leitura do
edital se torna ainda mais importante. Vai ter corrida, natação, abdominais,
flexões, barras? Quanto tempo de exercício, quantas repetições, qual será o
modo de executar os movimentos? Acima de tudo, a quantas tentativas você terá direito? Se você quiser ser policial, por
exemplo, o preparo físico faz parte da estratégia para o seu concurso, e quem deixar
para treinar na última hora vai correr o risco de ser eliminado nos “45 do
segundo tempo”.
E há outras informações que normalmente são de conhecimento
mais amplo de todo mundo, mas ainda escapam aos mais desavisados, como horário
da prova (cuidado com o horário de verão!), as datas de inscrições, de
realização das provas, os prazos para recursos, a divulgação dos resultados.
Juro que já vi uma candidata entrar na sala de prova (pro concurso do TRF 1ª
região) e perguntar pro fiscal “ué, é pra usar caneta preta?”.
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