Eu acho que todo mundo que já fez algum concurso pra valer na vida sabe como é quando
começa a bater aquele pânico de ver milhares de pessoas atravessando os
portões, entrando nas salas, colocando canetas e barrinhas de cereais em cima
da mesa... De ver os fiscais pra lá e pra cá conferindo as identidades, mandando
você guardar seu relógio (por que, meu
Deus?) e indicando seu lugar.
Aposto que só de ler isso já bateu um frio na barriga...
A questão é que é fundamental saber lidar com esse
sentimento na hora da prova, porque ele pode ser o seu maior inimigo, pode
botar a perder todas as centenas de questões resolvidas, as horas estudadas e
as constituições revisadas. Então, vou sugerir algumas técnicas para lidar com
a ansiedade – e sim, com o desespero
– na hora da prova.
O controle das emoções começa muito antes da sua prova. Primeiro,
é importante que você saiba dosar o
lazer e o descanso ao longo da sua preparação. Pessoas excessivamente
estressadas tendem a não funcionar nas horas mais importantes. Então, reserve
tempo pra dormir e relaxar. Eu, pessoalmente, tenho dificuldades pra dormir,
então preciso de 8 horas por noite. Menos que isso, é só uma questão de tempo
até adoecer. Mas cada um tem seu ritmo e seu relógio biológico, então preste
atenção ao seu corpo.
Também recomendo um momento
de lazer todo dia. Você não precisa ir ao cinema toda vez, nem ficar
horas na frente do computador, mas uma hora por dia de descontração pode fazer
toda a diferença no seu rendimento. Nas minhas épocas mais bitoladas de estudo, engatava 10 horas por dia com a cara nos
livros, mas tirava meia hora depois do almoço e meia hora antes de dormir pra
assistir alguma coisa (de preferência, Friends!
Heheheh). Assim, dava uma relaxada, ria um pouco e recarregava as energias.
Além disso, também é importante você exercitar seu controle
emocional pra quando a ansiedade vier com
tudo (principalmente na hora que entregarem seu caderno de provas). Respirar fundo e bem devagar ajuda
bastante, então feche os olhos, respire fundo umas cinco vezes, lembrando que
você estudou, fez sua parte e agora é hora de relaxar e pôr em prática o que
você aprendeu.
Uma coisa que eu aprendi e que ajuda muito é a meditação. Claro que você não vai
tentar atingir o nirvana no meio da
prova, mas se o coração disparar e você começar a suar frio, dez minutos de
meditação podem ser muito mais úteis do que tentar fazer tudo no desespero.
Lembre que nessas horas é quando a gente sai marcando itens errados, borra na
redação, dá branco, aí uma coisa vai levando à outra e a gente acaba jogando a
toalha. Então, aprender a se controlar antes de tudo acontecer é o melhor que
você faz.
(Alguns lugares que oferecem prática de meditação são a
Sociedade Vipássana, o templo Shin Budista e o centro budista tibetano KagyüPende Gyamtso).
Ainda antes da prova, recomendo que você deixe os livros de
lado na véspera do concurso e tire o dia
pra relaxar o corpo e o cérebro. Vá tomar um sol, dar uma volta, assistir a
um filme no cinema (daqueles pra se acabar de rir), namorar, almoçar em um
lugar legal, qualquer coisa que tire seu pensamento da bitolação por umas
horas. Se você ainda não aprendeu algum conteúdo que pode cair na prova amanhã,
meu querido, não vai ser o sábado à
noite que vai resolver a sua vida...
Você também pode recorrer
à espiritualidade (vai de cada
um) nos momentos de ansiedade. Rezar, pedir força, serenidade, disciplina, isso
acalma muitas pessoas nas horas difíceis. Só não adianta enrolar durante três meses
e achar que Deus, Buda ou Alá têm
culpa se você não passar. Se você estudou “igual à sua cara” e passou,
parabéns, você tá com a sorte afiada! Mas eu sou da teoria de que a sorte só
encontra quem já está preparado.
Por fim, uma coisa que faço quando me bate o famoso branco é:
calma, você estudou essa matéria, tá tudo
dentro da sua cabeça! E apelo pro “brainstorm” (ou tempestade cerebral): se
eu não lembro se direito civil é ou não matéria de competência privativa da
União, começo a enumerar todas as competências privativas que me vêm à cabeça.
Se não deu certo, começo a pensar nas competências concorrentes. Se não deu
certo, tento lembrar se ela é rosa ou amarela (vai entender...). Se ainda não deu,
penso “vou lembrar disso daqui a pouco”
e sigo fazendo as questões. Nem sempre funciona, mas ao menos evita que eu
entre em pânico e comece a chorar nos quinze
minutos do primeiro tempo.
E ainda há muitas outras coisas que você pode fazer pra
evitar surpresas na hora da prova e, consequentemente, mais nervosismo. Você
tem que controlar a ansiedade antes, porque se deixar pra pensar nisso só na
hora que entregarem seu caderno de prova, pode ser que você esteja num momento
de insegurança, de medo dos outros candidatos, de culpa por não ter estudado
mais etc., e pode ter certeza de que isso é um dos mecanismos de “seleção natural” de muitos concurseiros
preparados por aí!
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